Passei por um aborto da gestação do coração
Em agosto de 2012 nos contaram a história de um menino de 6 meses que estava sob os cuidados da avó, muito humilde e que já não tinha condições físicas nem financeiras de ficar com o bebê. A filha era viciada em crack e ela já ajudava os outros netos. Enfim, a história chegou até nós, e queriam saber se poderíamos ajudar. Foram algumas semanas de intenso envolvimento com a situação, mas nem chegamos a conhecer a família muito menos a criança. Uma vizinha que estava ajudando a cuidar do bebê decidiu entrar com o pedido de guarda provisória.
Apesar de não termos conhecido a criança, tivemos um envolvimento emocional bem intenso, e a minha sensação foi de estar passando por um aborto. Sim, um aborto de uma história que não foi vivida afinal a expectativa do possível encontro com o meu filho foi gerada.
Inclusive tínhamos escolhido um nome para o menino, ele se chamaria Henrique. Por isso quando o meu filho chegou, o nome Henrique já não estava mais na nossa lista. O nosso “Henrique”, que na verdade nunca foi nosso, ficou guardado no nosso coração, e oramos a Deus pra que ele tenha sido acolhido por uma família que o ame e respeite e que ele seja muito feliz.
Tenho certeza que as famílias gestantes de coração compreenderão o que estou contando. Quando chegamos muito próximo de concretizar uma adoção e não dá certo por algum motivo, realmente é como se fosse um aborto. A dor e a sensação de perda são muito intensas, de uma situação que fugiu do seu controle. É como se areia escorresse entre os seus dedos, você não consegue segurar. Essa foi a experiência de aborto da gestação do coração que vivenciei. Espero que seja a única.
Após toda essa situação, resolvemos tirar umas férias e fomos visitar uns amigos na Bahia e outros em Pernambuco. Foi uma viagem muito especial, pois reencontramos amigos queridos de longa data. Voltamos pra casa renovados fisicamente e espiritualmente. Tenho tudo registrado no meu diário. E neste período meu filho já estava a caminho, já estava na barriga da genitora, e já estava sendo gerado no meu coração, mas eu ainda não tinha conhecimento da real existência dele.
Beijos com carinho,
Luciane
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Nossa Luciane que triste, sei muito bem o que você passou pois passei por isso em dezembro de 2013, foi uma situação muito triste para mim e meu esposo.
Muito obrigada pelo seu relato. Infelizmente vários de nós passamos por isto pelo menos uma vez durante a gestação do coração e sua forma de expressar a experiência foi muito precisa e emocionante. Que Deus abençoe sua família!